terça-feira, 29 de dezembro de 2009

All the Right Moves

"Let's paint the picture of the perfect place.."
pensei em não mais escrever,
porque falta me a inspiração dos poetas, mas uma voz soou-me aos ouvidos.. não tenho o dom de tornar as palavras belas, mas sim de por em cada palavra, sentimento.
pensei então pintar, com os movimentos certos, pintar o que sinto num papel branco, sem imagem nenhuma e torna-lo único, meu, porque só os meus dedos, as minhas mãos deixam o rasto daquilo que sou..
ao som da musica peguei então no papel e na tinta.. faltavam os pincéis, e como tudo na vida, também aqui terei de ter tudo perfeito.. e sem eles não consigo moldar o tempo, a tinta e transformar aquilo num pedaço de mim..
as coisas velhas não são velhas ate que assim o decidamos, e os pequenos recipientes de tinta que trazem consigo as memorias de infância são ainda capazes de pintar mares e sóis..
vermelho;
azul;
preto;
verde;
amarelo;
castanho;
branco;
cinzento;
e uma maior variedade de tons esperava por mim, pelo pincel que mergulhava no copo de água como que a espera de uma nova vida. vou pintar o lugar perfeito. vou olhar pela janela onde escorrem gotas de chuva e ver as copas das árvores que se abanam ao som do vento que corre e leva em segundos o que em tempos cá esteve.. mas qual e o lugar perfeito?
uma praia paradisíaca?
uma cachoeira no meio dos montes?
o frio que nasce da neve num campo nórdico?
não consigo responder, mas pintar cada um deles porque não? porque não estas lá, e sem ti, não há lugar perfeito. então vou te desenhar, vou te pintar e assinar com pseudónimo para que não descubram que aquele pincel um dia te pintou.. e que era eu quem segurava no pincel..
vou manter o anonimato, porque quem te pinta é o meu coração e esse não tem nome senão o que inventaste para mim..
riscos começaram a surgir no papel.. e aquilo que um dia parecia virgem sangrou pela primeira vez ao escorrer a tinta pelo papel.. com a melodia que não pára de tocar no computador, a luz da vela e a claridade do ecrã são o meu dia para pintar..
continuei assim ate que por fim estava pronto..
o papel era meu..
o branco deu te lugar..
e pousei os pincéis.. fechei a tampa das tintas.. e fiquei parado num momento que não pode ser quebrado a observar o que fiz..
pintei o lugar perfeito..
o meu..
não usei palavras porque não as quis tornar tormentos aos olhos.. mas as palavras nunca se afastaram, porque da minha boca iam saindo..


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