domingo, 28 de fevereiro de 2010

Don't Speak

Por que palavras escrevo,
Por que sentidos me levo,
Se não me sinto em mim mesmo,
E se apenas sinto o vento passar me ao lado
e a chuva molhar me os cabelos..

Por que palavras me rejo,
Por que movimentos me imponho,
Se não sou senhor do meu corpo
e o meu corpo não me obedece..

Porque tento eu,
Porque tenta qualquer um,
Subir ás estrelas e conseguir observar o mundo
e não ser observado por ele..

Porque espero por palavras que não vem,
Porque espero eu por frases que não se escrevem,
Porque espero eu por nomes que não leio,
Porque sou eu que espero?

Porque prefiro a verdade à mentira,
Porque prefiro quando ela magoa,
Porque prefiro quando a palavra é feita de cobardia,
Porque não prefiro morrer..

Não falo,
Não falas,
Ninguém fala,
E o mundo continua,
Abalado por terramotos e inundações..

Sinto-me encostado a um canto,
Sinto-me com medo de dar o passo em frente..
Sinto com medo de repetir
e no mesmo erro cair..

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Unintended

You Could Be My..
tantas frases que poderia escrever e tendo estas palavras por inicio.. mas tantas coisas que se podia fazer e não se faz, por isso também e justo que não se escreva essas frases..
Sento me no beiral da janela, e sinto a força do vento que corre, e vejo ao longe a luz que alumia a noite.. e depois.. o som..
vejo por fim a trovoada a aproximar-se como que a anunciar o fim do mundo.. e eu continuo aqui só como o cão a olhar para mim do rés do chão..
estou do lado de fora, sinto as pernas pesadas, e não tenho onde as colocar.. sinto o corpo pesado e não sei porque.. porque o que eu sei é que o que me pesa é a alma, o coração nada mais..
pesa todo um tempo que não compreendi.. pesa todo um tempo que caminhei e estraguei os sapatos com que caminhava.. pesa toneladas um partir de realidades que não pensei serem possíveis de partir..
Pesa me o peso de um manto de recordações que se vão amontoando e tornando gélidas memorias de acontecimentos que foram o que não queria que fossem..
uma realidade alternativa..
Carrego o peso de palavras que não disse, e que numa outra altura como que recalcadas saíram e transformaram a ideia de mim.. sinto me pesado e não sei porquê.. um peso que não é físico, nem tão pouco material..
Quantas lágrimas quis eu deixar cair e não caíram.. quantas eu não quis deixar que corressem pela minha cara e mesmo assim o fizeram??.. porque nem pedidos conseguem evitar a tristeza, nem melodiosas palavras a saudade..
Porque é que não há uma borracha que possa apagar aquilo que faz parte da nossa vida e queremos que desapareça?
porque não desaparecem elas da nossa mão e teimam em mostrar o caminho percorrido..
o caminho que não mais quero percorrer, porque a razão desse caminho existir já não existe.. simplesmente desapareceu..
a dor da magoa e muito grande, a da desilusão ainda maior, mas nada bate a de um coração partido..
e o meu esta aqui
junto de mim na janela.. sinto o pesado porque sinto o nas mãos.. e o pano preto que um dia o envolvia e protegia também ele se rasgou..
também essa realidade alternativa não passa de uma visão que não é senão o sonho meu..
estou aqui na janela a ver chover, a ouvir a musica, a ver os relâmpagos rasgarem o céu..
estou aqui porque não tenho outro sitio para estar..
estou aqui porque..

everything that could have been...but isn't.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Why Should I Love You

Não sou eu que escrevo..
Não sou eu, quem tu assumes que seja, que escrevo estas palavras..
Não sou eu que perco o meu tempo a tentar perceber, e no tempo me perco porque não consigo perceber..
Já não sou eu quem te escreve..
mas sou eu que estou aqui na mesma, envolto num manto de desilusão e escuridão, onde nem um rasgão de luz é suficiente para iluminar os momentos mais escuros do dia..
Não sou eu quem te diz as palavras.. já fui, não sou mais!!
Adoptei uma personagem nova, capaz de pintar o por de sol, de escrever as palavras mais sinceras, capaz de deixar cair uma lágrima por um amor que não é amor.. e é essa pessoa que escreve não eu!!
Planos, sonhos, desejos que se construíram num mar de ilusões e de repente foram atacados por uma tempestade que deitou tudo a perder.. destruiu tudo e nem as fundações foi capaz de manter..
ouvi uma vez dizer..
"Para ser grande, sê inteiro!"
conseguiste não ser nem grande nem inteiro, e só deixaste um rasto de desilusão e mágoa que nem o tempo conseguirá afastar..
fui eu, mas não fui eu quem pintou, quem mostrou e lutou.. Não sou eu o Nuno que pensas que sou e que me prostro agora sozinho nesta sala.. sou essa personagem que se deixou levar por algo que pensaria ser afinal possível mas que teve o sismo que devasta um terreno e o deixa escarpado, despedaçado..
O Nuno esta la fora, sentado no pátio da torre B..
eu estou aqui,
a escrever e a pensar porquê?
não olho para lá, magoa..
não quero mais olhar, quero esquecer..
Não sou eu que escrevo, não sou eu que carrego o fardo da culpa..
mas apesar de saber que não porque é que não sinto o contrario.. Conseguiste trocar o sorriso pelo olhar triste.. o amor pela desilusão.. o desejo pela raiva.. a saudade por..
Porque deveria eu gostar de ti?
a desilusão pode tornar-se numa das piores sensações do mundo..
infelizmente.. tornou-se mesmo numa desilusão.. e não há nada no mundo que te possa fazer mudar este sentimento.. porque eu estou aqui a escrever te as ultimas palavras..
O Nuno esta la fora, a sorrir porque um brilho de sol vai aquecendo a sua vida..
o brilho que outrora foste tu..
eu não sou eu..
nem tu voltaras a ser tu..

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Glitter in the Air

Estava a caminhar..
tinha saído de uma tarde cheia de movimento e retorno ao passado.. correrias e faltas de ar..
Ia em direcção a casa, e era ultrapassado por pessoas que corriam para os seus autocarros.. ainda tentava olhar algumas mas as suas caras inertes nada transmitiam..
continuei..
e até o céu parecia apagado em si mesmo..
continuei a percorrer o caminho que me levaria a casa, e cheguei a estação.. olhei e ainda não havia comboio para seguir..
olhei o relógio do telemóvel e era quase hora..o comboio estaria por momentos.. e com a barriga a sentir o nervosismo do dia, o meu corpo me levou para longe, e fui para as escadas.
sentei-me..
e com o som da musica a entrar nos meus ouvidos olhei uma vez mais o céu e virei o meu olhar para o lado..
o comboio tinha chegado..
apenas o comboio...
vi os minutos passar e levantei-me, peguei nas minhas coisas e deixei aquele espaço que por minutos foi unicamente meu e fui para dentro..
na companhia da musica que se mantém a minha fiel companheira senti o corpo a mover mantendo-se no mesmo sitio..
e vim..
e olhando me no reflexo da janela,
senti-me como que a rodopiar num baloiço de papel, quebradiço, frágil..
procurei e não vi a alegria de um punhado de papeis lançados ao ar..
vi apenas os restos de papeis caídos e espezinhados no chão..
alguma vez retiveste a respiração..
e te perguntaste se iria melhorar mais do que esta noite??
eu já..

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Longe do Mundo

Quantas vezes já me questionei e demonstrei aqui no ecrã, a minha questionabilidade acerca da
vida.. mas volto a fazê-lo porque por vezes e nos preciso
atingir que podemos estar presentes no mundo mas mesmo assim afastados do
mesmo..


não entendo como pode uma vida de um
momento para o outro ser transformada.. e não se tornar no que outrora foi..


será justo alguém que passou uma vida inteira a
dedicar-se de corpo e alma a todo um mar de gente sentir-se agora privado de
movimento??


de poder sequer falar??


ou pior, numa situação onde nem uma lágrima é capaz de
verter..


Questiono uma vez mais a justiça divina e pergunto-me como e
isto possivel..


sinto-o como uma base da minha vida.. e sinto a sensível, quase a
quebrar..


as suas palavras que fazem reflectir e toda a memoria que
existe, podem por dias terminar..


e a base partir..


não imagino o que sofre quem esta pregado a
uma cama e tenta ver em Deus a sua razao de viver, mas que para mim é difícil de ver a sua
força aguentar..


ser
capaz de ouvir e nao
poder demonstrar..


estar presente e vivo e agrilhoado a um presente que ninguem quer..


apenas guardo a minha oraçao, porque se ainda acredito em milagres
estou a espera do mesmo..


porque podendo estar longe do mundo esta perto de nos!


Esperamos por Si!