domingo, 23 de maio de 2010

Balançar

Eu, vejo azul..
Tu, vês branco..

Eu, via verde..
Tu, castanho..

Eu, estranho..
Tu, em casa..

Eu, aqui..
Tu, aí..

Eu, buraco..
Tu, presidente..

Eu, caminho, pé ante pé, e acompanhado vivo um silêncio, silêncio esse que murmura e encosta ao ouvido o sopro de uma despedida.. Esse silêncio, que vive de medo e tristeza.. Não se fazem regras para evitar o até já, o adeus.. não se fazem regras para viver no silencio, num toque dos lábios no copo.. não se fazem regras para se perceber o porquê de um passo..
Foi um, foram dois, talvez três, não sei.. Não tomei atenção, porque a cada passo que dava em frente, mais em mim sentia vontade de regressar.. e ver-te, caminhar sem ninguém do teu lado.. e a chuva a bater nos vidros da frente..
O sol foi abrasador, queimou me a pele, enquanto nos sentávamos na esplanada.. foram Águias, Cabras, Pinguins, Pandas.. Ticos e bzzz's..
Foram 48 e uns extras.. e eu não queria voltar.. A Lua guardada na minha memoria, o nascer do sol que aconteceu e não se viu..
Senti-me agarrado, zourado e abraçado.. Senti que o mar verde, no qual navego, é ainda o mar que retém a suavidade da luz, do veludo.. Senti também, o perigo, o rasgar do peito com um voraz desejo de liberdade.. Senti..
Senti o fumo do cigarro que sai num leve movimento de bocas.. o cigarro que encheu o espaço de uma névoa onde o farol estava no centro, como que num palco, num monumento, no centro de uma festa..
E tudo assim correu como corre o vinho por uma garrafa que se adivinha quase vazia..
e assim os passos e o silencio.. esse conjunto me levou para longe de ti.. e agora, o meu coração se pergunta incessantemente.. Até quando?! Até que momento.. Até onde, eu voltarei a estar.. assim.. eu.. tu..!


Eu, sentado..
Tu, de pé..

Eu, em águas de pedras..
Tu, em clarões silenciosos..

Eu..
Tu..

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