segunda-feira, 10 de maio de 2010

Cry

A melodia começa..
Suavemente vai mostrando, se os olhos fecharmos, como que uma paisagem paradisíaca..
Não se ouvem palavras, não se percebem sentidos.. são 48 segundos em que me deixo navegar num mar que não tem lógica, nem explicação..
não sou pirata, nem capitão,
não sou almirante e nem pescador, mas percorro um oceano desconhecido que tem um só porto no seu todo..
São esses 48 segundos que terminam..
São uns segundos mais que se seguem.. como os segundos do oitavo deficiente em que entrei e subi, segundos esses que me levaram a este mar que não tem inicio, nem se vê o fim..
Não é possível um olhar derrubar toda uma espécie de barreiras e muros construídos para defender.. não é possível, e no entanto, por meios de pequenos toques, por simples toques de dedos na mesa, a barreira inexpugnável foi fragilizada..
Ataques vis de exércitos que envergam as armas de Poseidon e o verde nas suas vestes.. Verde esse que derrubou o negro que reinava num mundo apagado..
Mas de repente me pergunto..
Como pode o verde ocupar tanto espaço..
Como pode o verde ser capaz de dar mais luz que o sol..
Como pode o verde?!?!
Agora reparo que me encontro a navegar nesse mar, que por mais incrível que se pareça, não é azul.. é verde.. verde como campos de relva.. verde como os bosques na primavera que tem a florir em si, a beleza de um mundo.. Navego nesse mar, verde, e volto a dizer que não sou dono do meu próprio barco,porque esse barco em que navego foi me emprestado..
Não soou qualquer buzina, não soou qualquer alarme.. as amarras foram libertadas, paisagens ditas num adeus.. portagens de montes esquecidas.. para que as águas quentes que prometem casamentos se escorram pelos remos de uma viagem..
Navego ao som desta musica, escrita por alguém, para alguém..
Sinto a alegria a nascer quando o minuto passa, como a energia da melodia se revolta e explode num minuto e dezasseis segundos..
Como um novo tom de verde numa palete de cores que guardo no pulso.. deixei a minha ancora nesse porto, assinada.. mostrando que é minha..
Navego neste barco, não tanto à deriva porque sei onde é o porto onde posso permanecer..
não sei qual o caminho, a rota a seguir..
Mas sei qual o fim a atingir..

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