terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Unintended

You Could Be My..
tantas frases que poderia escrever e tendo estas palavras por inicio.. mas tantas coisas que se podia fazer e não se faz, por isso também e justo que não se escreva essas frases..
Sento me no beiral da janela, e sinto a força do vento que corre, e vejo ao longe a luz que alumia a noite.. e depois.. o som..
vejo por fim a trovoada a aproximar-se como que a anunciar o fim do mundo.. e eu continuo aqui só como o cão a olhar para mim do rés do chão..
estou do lado de fora, sinto as pernas pesadas, e não tenho onde as colocar.. sinto o corpo pesado e não sei porque.. porque o que eu sei é que o que me pesa é a alma, o coração nada mais..
pesa todo um tempo que não compreendi.. pesa todo um tempo que caminhei e estraguei os sapatos com que caminhava.. pesa toneladas um partir de realidades que não pensei serem possíveis de partir..
Pesa me o peso de um manto de recordações que se vão amontoando e tornando gélidas memorias de acontecimentos que foram o que não queria que fossem..
uma realidade alternativa..
Carrego o peso de palavras que não disse, e que numa outra altura como que recalcadas saíram e transformaram a ideia de mim.. sinto me pesado e não sei porquê.. um peso que não é físico, nem tão pouco material..
Quantas lágrimas quis eu deixar cair e não caíram.. quantas eu não quis deixar que corressem pela minha cara e mesmo assim o fizeram??.. porque nem pedidos conseguem evitar a tristeza, nem melodiosas palavras a saudade..
Porque é que não há uma borracha que possa apagar aquilo que faz parte da nossa vida e queremos que desapareça?
porque não desaparecem elas da nossa mão e teimam em mostrar o caminho percorrido..
o caminho que não mais quero percorrer, porque a razão desse caminho existir já não existe.. simplesmente desapareceu..
a dor da magoa e muito grande, a da desilusão ainda maior, mas nada bate a de um coração partido..
e o meu esta aqui
junto de mim na janela.. sinto o pesado porque sinto o nas mãos.. e o pano preto que um dia o envolvia e protegia também ele se rasgou..
também essa realidade alternativa não passa de uma visão que não é senão o sonho meu..
estou aqui na janela a ver chover, a ouvir a musica, a ver os relâmpagos rasgarem o céu..
estou aqui porque não tenho outro sitio para estar..
estou aqui porque..

everything that could have been...but isn't.

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